quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Meu primeiro livro de poesia "Tetriz"


Aforismos, letras de músicas, poemas - pesquisa, poemas e ideias no meu primeiro livro cartonero




Agradecimentos


Aos queridos amigos e companheiros de luta da Pedra Lisa que me ajudaram a confeccionar a primeira tiragem do livro no formato cartoneiro.
Agradeço minha família, meus amigos e especialmente aos ventos que sempre me trouxeram poesias.



                        

Prefácio
                                    
Tetris é um jogo eletrônico que ficou conhecido a partir dos anos 80 e ganhou adeptos no mundo inteiro.
É a partir dessa operação de referência que Fábio Prestes vai montar seu projeto 
Tetriz  ( trocando o S pelo Z ), em torno de colagens e desmontagens com possibilidades conexas e desconexas de escritas, ritmos e sínteses vão se diluindo em efeito cascata de encolhimento e alargamento no espaço da folha em branco, e é nessa operação de espaçamento que os poemas vão caindo se agrupando e desagrupando. 
Écos aqui e acolá de Stéphane Mallarmé, dos poetas concretos, vão vindo a tona, do poeta romântico William Blake e de Carlos Drumond de Andrade também aparecem, como no poema Rio 2013  ( referência alusiva à Drumond), mas é como se na gama de inserção dessas montagens dando espaços para aforismos, poemas - pesquisa, poemas, ideias, letra de músicas , fragmentos de prosa formassem um constante acidente, como escreve em meados do livro: 
 " Coloquei um capacete de ideias, estou esperando um acidente ." 
E se pensarmos como o filósofo Jacques Derrida, não há poema sem acidente, não há poema que não se abra como ferida, mas que não abra ferida também.
Rapper e compositor seu trabalho com a linguagem coloquial e urbana, encontra espaços para reflexões em meio aos conflitos da cidade e do fazer poético, jogando o jogo do risco do tudo ou nada na folha em branco.
                                                                                   Victor Bello



        TETRIZ


É Triste olhar e imaginar palavras as quais não abandono.
Somos sócios de idade na gananciosa sociedade,
sobre minha danada rebeldia dentro de minha alma
hei de pôr-lhes a minha consciência.
Em minhas mãos indícios de vícios literários, aviso aos vícios que são contrários antes eu e os libertários.  
Já nas dúvidas inclino-me satisfeito.
Com um corpo só fazemos ambos.
Até aonde me excita o desejo há criação tão ciente de si mesmo.
Quero enfim levá-los aos meus pensamentos, com um suave impulso, sob o qual entornados de luz prosperam encontros .


Reservo a cada palavra o silêncio, sem ele nenhum grito existiria.










A pedra é lisa e resistente,
é poesia da pedra embaixo do sol quente,
é a luz que bate e reflete em muita gente. 









Não ultrapasse com os olhos
 o que esta diante de você,
   ultrapasse com seus sonhos

 o horizonte a sua frente.








Viajante em noite de repouso
equilibra impérios solitários,
Gaia estrela em súbito pouso
 revela-me caminhos imaginários.





 Energia a gente cria,
acende a vela e ela vicia.
Queima conforme o balanço do vento,
horas a chama repele horas te chama para dentro.







Correndo na chuva percebo o sol dentro de mim
desperto o desejo da noite sem fim.







Tem coisas que só existem no papel,
é preciso virar letra
 para encontrar e desfrutar.
Até as linhas paralelas 
sofrem a espera do infinito.





  


Escrever em papel higiênico 
com tinta pesada
 de nada me é perigoso.
O que importa em meus pensamentos
 é rasgar o tempo ocioso.








Perseguindo o esforço 
com dispositivos impugnados
preparei a tinta azul 

para o assédio do palavreado.







Coloquei um capacete de ideias,
estou esperando um acidente.









Qual encanto infernal que ainda perdura?
É o encontro astral do eclipse que me faz moldura.








As ruas dos pensamentos são estreitas.
Tá cheio de curva querendo
 te levar para o abismo.
Respire!








O Poeta existe não só nas palavras
 a que acrescenta seu nome,
 mas também na brancura
que resta sobre a página.










Escrevo aos juízes da poesia:
Esse poema é como uma madeira
 que não foi lixada,
Cuidado ao passar a mão nele!


  






Quando tínhamos menos brinquedos
nós brincávamos mais.







  


    E como diz que estás nu, quando carregas armas na solidão.









Foi quando ele disse:
Você não quer ser escritor!
Então vire a página.
Eu comendo, comendo,
 comendo todas as palavras
 até enjoar,
percebi que elas não mereciam
 tanto apreço assim.
 Elas por si só já se ofendem.





  


Obnubilado profundamente
descortinando tesouros
signatário de sentidos perdidos

 coadunando o 'ar'
mergulhar, alcançar, pegar, 

voltar e respirar
não sufocar se preciso.











A possibilidade de fortalecer seu espírito
 vem na valorização contínua
 de um novo olhar na confiança dos objetos.
Através do tédio cotidiano,
 e de todo terror 
crescente na bestialidade humana,
 alegro-me com meu luxo particular
"A Poesia"







  



ESCREVO ESCRAVO ESCREVO ESCRAVO ESCREVO ESCRAVO ESCREVO ESCRAVO ESCREVO ESCAVO ESCAVO 
ESCAVO ESCAVO ESCAVO ESCAVO
ESCAVO ESCAVO ESCAVO
ESCAVO ESCAVO
ESCAPO









D-E-S-C-R-E-V-E-R-T-E-D-A-N-Ç-ARTE
E-N-T-R-E-T-E-R-T-E-D-E-I-X-ARTE








Queria que meus versos não parassem em rima.
Amor não se completa 

tão fácil como se imagina.
Amores em linhas fazem o

 destino de sua costura.
Ame sempre, pois é eterno enquanto dura.





   

O amor que os homens denominam é pouco
comparado a essa inefável orgia
que é dar-se por inteiro na provocante poesia.








Vem Feiticeira
uma alma está com ardor
quando vier venha com amor
não tenho fortunas a ofertar
apenas a língua que ocupa o lugar.




  
Língua
Músculo poderoso
Forma o fonema
Descobre o paladar
Deglute o alimento
Ajuda a respirar
Pressiona 
Flexível
Sensível
Limpa
Entope
Lambe 
Molha 
Sexy
Seca 
Fascinante
Misteriosa
Imprevisível
Língua linguagem
Vira o poema
Vira poema





Você sabe quando mente
Sua mente anuncia
Mente astuta de repente
Será só mente em vigia
E para que não aumente a mente esconde
O que mente não interessa
Mente astuta vai muito longe
Será só mente uma conversa










Poesia com Z

Poezia com z
ganhou acento virou zé
recusou ficou em pé
Poezia com z
trasia com s
centado com c
ao lado do zé
que recusou o z
sempre com s





SEPERAÇÃO DA SÍLABAS POLÍTICAS POÉTICAS!

INTERESSE = EM TER ESSE






  






Observa-se a falsa corrida dos retratos
Insinua-se um aluguel mais caro.
Sinto a noite agasalhar o lirismo nas mãos do bandido.





  


Humildade forçada é assassinato espiritual.









A paciência chora com tanto imediatismo.





  

Cuidado!

Um olho que não enxerga,
Que só acompanha,
Trabalha como espelho.










Rio 2013
No meio do caminho tinha um PM
Tinha um PM no meio do caminho
Tinha um PM
No meio do caminho tinha um PM
Nunca me esquecerei desses acontecimentos
Na vida de minhas retinas tão ardentes
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha um PM
Tinha um PM no meio do caminho
No meio do caminho tinha um PM.









Embriagando o desejo
Respirando a cidade e seu desprezo
Aqui no nosso Lost Paradise
Veja o dinheiro e a maldade que ele faz
Escorre no cristal feito vinho tinto
O sangue daquele que está faminto
Eles comandam de forma truculenta
Essa polícia que da rua me afugenta
Opinião sim é isso que eu trago
O seu salário em imposto eu que pago
Então me escuta você não representa
O bravo povo que na rua só aumenta
E eu quero ver o seu castelo cair
Como fez como faz removendo por aí
Aqui no nosso Lost Paradise
Veja o dinheiro e a maldade que ele faz.











Permita-me andar sob o sol nesse vale
 onde Cristo faz suas sombras.
 Ignorância e tecnologia me assombram.
Um Fahrenheit assume a fogueira,
quero tragar a fumaça dos livros, e que as cidades fiquem literalmente cinzas, existe lava em você ou a larva já entrou em sua carteira, cueca , meia...
Da Vinci sorriu com a grande encomenda de Panetones!










Veja o alfarrábio de moderna capa
que na fábrica sublime me confessou
o som da harpa dourada
que lentamente me enfeitiçou.
Incólume cargo de núvens
 carregadas expulsas do pomposo céu
escutem o som da harpa dourada
 coroando o sol com mel.
Vejo estrelas em harmonia, 
estrelas durante o dia.
Dest'arte a cortina em sinuoso movimento
me convida para um belo comprimento.
São as fugas do pesadelo, eu pensei.









Quando a caneta falha
eu esqueço o que pensei
Quando a caneta falha
eu penso no que já sei
Quando a caneta falha
eu procuro outra caneta
Quando a caneta falha
o tempo desce rápido na ampulheta
Quando a caneta falha
o verso não é terminado
Quando a caneta falha
o papel não pode ser rasgado
Quando a caneta falha
a palavra tem outro sentido
Quando a caneta falha
é poesia concreta amigo.






Caiu tinta da minha caneta
caíram os vasos em solidão
caiu tudo que eu queria
mas nada caiu no chão.
Caiu a chuva lá do céu
caiu o sol que a luz encanta
é tão bom ver no papel
quando tudo se levanta.










Não se ouve o choro nem o sexo vagabundo
fecunda imaginação desse nobre vagamundo.
Tens graça pois consegue 

ver o que outrora era de entreter.
Cores que resistem ao tempo

 que nascem ao relento,
janelas e seus namorados

 contornos abandonados.
Entradas de sombras desconhecidas
portas de muitas partidas,
raiz seca de lembranças teto sem esperança.













Estendi um tapete que atravessa oceanos
para vê-la dançar em meus sonhos insanos,
e o mesmo pode até me levar
feito luz na fumaça meu caminho cursar.
No entanto existem muitos guardas,
e estes chamamos lembranças.
Quando quentes e com raiva emaciam alianças.
Quando fortes e humildes fortalecem esperanças.










Virgem de tranquilo balançar!
Guarda-te respeito aos 
tolos olhos dos faróis.
 Tão distântes da esperança humana,
de gerações famintas
unindo estrelas em veias escurecidas,
não semeaste com inimigos o que há no céu
as leis de Deus, as divagações espirituais
o humano litoral em seu tabernáculo.










Meu Zejel.
Ó silente destino
retira-me do fogo em seu cálice!
Cálice de avita beleza
reflete os olhos negros da tristeza,
carrega-me em sua frieza,
faça-te cantar em sonhos nosso hino!
Ó silente destino
retira-me do fogo em seu cálice!
liberta-me num sorvo profundo
não haverás encanto no mundo
a superar esse tempo fecundo
escute a saudação dos sinos!
Ó silente destino
retira-me do fogo em seu cálice!








Conduz meus passos para um delicado retrato.
Temperamentos oscilam nas marcas do teatro.
Seu escuro aqui é fantasia,
é a luz das quimeras que escrevo no dia.
Sirva-me com palavras de saúde incrível
essas com as quais iluminando deslizo.
Veja no meu rosto seu olhar de brio encontro
rimando o pressuposto que o poema esta pronto.





  




Entoando uma canção tristonha
 na esquina do vale cinzento
encontrei uma sorridente
 menina que me disse sem lamento:
- Isso parece obscuro, não pode ser obsceno,
tem que ser suave, suave como veneno.
Parei a música, escrevi muitos poemas.
Assim muitos me escutam
e deleitam-se sem algemas,
 e quem sabe depois
 eu traga na luz a reflexão tão desejada,
serás forma divina cor,
preto e branco alimentadas.











Com doce fúria branca neve em pura essência
fez-se clave de uma monotonia aparente
convidou-me a dançar
feito Homem faz Serpente.
No sexto dia porem, no cesto entrou
acostumada à euforia do dia
no silêncio se apresentou.










É preciso ir adiante
não pensar sequer em rima
tão difícil como distante
está quem lê e o que fascina
muda mundo muda fica
em silêncio eu apuro
sou poeta e para isso
no silêncio eu mergulho
minha dor é indizível
não demonstra transparência
por ser amor incrível
ou um verso sem sequência.









Cria seus versos não copie de ninguém.
Crie sua vida e vá muito além.
Crio e creio que criar ainda posso.
Mentira quem diz que nada se cria.
São pessoas que nos versos de outras fazem seus dias.
Não existem trilhos para criar uma filha.
A criação está em cada lágrima que circunda uma ilha.
Se escrevo o que penso não há como errar.
Posso escrever, escrever, apagar, apagar.











Quando cair a noite vou agrilhoar todas as preces
despi-las como fé imortal
espedaçar meu amor sem igual.
Fazer sirenes com pássaros em cúpulas destruídas
com a fulgurância de árvores exaltadas nas saídas.
Embora a chuva lave experientes apófases
ou que por clamor indigesto a logorréia perdure,
rogarei em veredas soturnas
 para que o poder em seu advento não continue.
Sadios e ganânciosos temerão o pétreo altar.
Estarás diante a um dia em que o melhor é não acordar.










Haiti
Nuvens esculpidas
jazem em seu colo,
repousando em roupas sujas
 a melodia do vento.
Luz que desenha
a poeira cansada
abastece e vela
a ossada do momento.
Orvalho de lágrimas no calvário virou ração
unidas como chuva
em terras estéreis
revelam a ressurreição.









Seja o inverno que fende famílias famintas
seja seca sulcando solo do sertão.
Não tolereis eu sozinho
apenas que as palavras lhe sirvam de sustento.
Junto às sobras que dos pratos limpam
junto ao sono que interpelo silente
não deixo provas de um gentil agrado
deixo sim, minhas mãos que de raiva tremem.











Deidades mentais espalhadas no espaço
fronte ao tabuleiro no qual
 jogam a vida e a morte
escrevem canções para as flores doentes
que respiram de ávidas mãos um suor leviano.
A árvore já nasce em xeque.
Um acabrunhamento hormonal decide a jogada.
Há sangue nas ruas fazendo poças
homens sujando os vestidos das moças.
Corta-se o caule, derruba ela nua
suas filhas brincarão sem árvores nas ruas.
Chapados na tinta preta que descansa no papel
Curvas e Traços dão Pa$$os de entendimento a vossemecê.

N-Ã-O-C-O-R-T-E        D-O-N-T-C-U-T












Quando ameaçados com dolosa opulência
nascemos do vazio estranho e suicida.
Ainda que a benevolência 
brilhe longínquamente
reconhecemos nosso encontro.
E todo aquele influxo Platônico
 depreciativo por falsa modéstia,
avigora-se em uma tranquila satisfação,
de um olhar que tem vontade
 mas não olha com direção,
de uma pena tão suave, pena dor num avião.
Esse é o dia após dia, dia póstuma canção
som que invade e modula a dosagem de evolução.







  


Posso sentir tudo que passo
Tudo que eu posso é sentir o meu passo
inside no silence
Uma fúria me deixa nua
Estou lá fora a sua procura
inside no silence
Antes que o tempo me leve a morte
Eu estou forte criando a sorte
Não vou parar de sonhar
Até você dizer que está comigo
Isso é tudo que eu preciso
Vamos na noite voar
Sinto a luz que você emana
Sinto a gota de um pensamento
Aqui dentro não há silêncio não
Sou a palavra que tanto anda
Sou a cor que resiste ao tempo
Mas aqui dentro não há silêncio











De Pernambuco para Caxias
Noite e dia noite e dias
Eu vi várias famílias
Com história para contar

Vi capoeira bem embaixo da figueira
No pé sujo a brincadeira
O futebol quero jogar
No meio da poluição
Vi muito lixo pelo chão
Do tupi a indicação
Imbariê é o lugar
Hey, hey, hey
Minha folia é de Rei
No baile eu te chamei
Atrás do ouro naveguei
Nessa lenda para contar...


(Poema – pesquisa, para o enredo da escola de samba mirim Pimpolhos da Grande Rio)









Vi um lápis no chão
que escreveu um livro
que escreveu uma música
que escreveu você.
Vi um lápis no chão
que desenhou o sol
que desenhou o chuva
que desenhou quem lê.
Vi um lápis no chão
que dançou com a água
que dançou com o vento
que dançou quando chutado.
Vi um lápis no chão
que me disse um poema
que me disse seu nome
que me disse obrigado.







No momento em que os pensamentos
 terminam a assembléia
e todos os vícios das cidades morrem,
ousamos com a malvada sedução
a liberar de vez o corpo em tesão.










O Noivo e a Noiva
agora casados
saíram da igreja
muito apaixonados
a música embala
os dois nessa festa
tocando na noite
uma bela seresta,
no banco da praça
olharam o Céu
a Lua esta linda
é Lua de mel.










Escalando vários prédios
a noite ele subia
vi no alto um menino
que sorrindo me pedia:
- Um poema de aranha.
Menino Aranha eu escrevi.
Com as mãos a liberdade
no arranha-céu eu o perdi.
- Deixe a caneta que escreve.
- Lá de cima ele gritou.
Aqui eu roubo os sonhos
da ganância que me matou.
Eu morri 14 vezes.
5 só minha mão.
Mas agora eles que escutem
os meus gritos em solidão.
Dançando nas paredes
brincando facilmente,
Lembramos da história
que não rima com inconseqüente.

·       Inspirado no curta Menino Aranha.











Clareza Capitalista

É Solitário morrer na África
É solitário morrer na favela
É solitário morrer pobre
Fechado em uma cela
É muito fácil condenar a loucura
É muito fácil omitir a notícia
É muito fácil usar tudo isso
Para chamar a polícia
Assim o Capetal engorda
O armamento transita
E a revolta jamais morrerá
No mundo Capitalista
Eles querem tapar o sol
Mas as ruas seguem em chamas
E na garrafa a gente manda
Iluminados telegramas
Brasil!!! país tropical
Abençoado pela democracia
Armamentista legal
Eis aqui
Um cenário MUITO bem montado
Preocupado a todo instante
Em te deixar ocupado
A tv emagreceu
Você engordou
Ela te emburreceu
Ela te manipulou
Te deixou sempre olhando
Fixado e entretido
Fez com que você
Odiasse ler um livro
A medida que te forçam
A aprender sem interesse
Sua força tão sugando
Se ta virando um deles
O pensamento apaga
O questionamento não existe
Impossibilitando a revolta
O sentimento fica triste
Operadores do mercado
Chamado de financeiro
Seguem educando os jovens
 A só pensar em dinheiro
De modo que não vislumbrem
Outra maneira de vida
Que não aquela em que
Serão mercadorias
Eles querem tapar o sol
Mas as ruas seguem em chamas
E eu sigo por aqui
Se precisar você me chama
Expressamos a resistência
E possibilidade de renovação
Na dissidência a consciência critica
Dos caminhos da revolução
Não se faz uma revolução
E sim se participa dela
Todo mundo quer mudar o mundo
Mas nem um segundo espera
E a paciência chora
Com tamanho imediatismo
Não adianta correr com ela
O sentimento é invisível.




Enquanto isso na escuridão da galáxia, tingida com uma clareza capitalista, está a terra em sua rotação.








O Balé das pedras.

Pedra dura tanto bate e ela perdura
di-versas formas modela-se como quer
explosão, máquinas, ferramentas, chutes,
ou só com a natureza.
Que beleza!
Essa linda pedra sobre a mesa.
Eu aqui sozinho e essa Pedra no caminho.
Fragmento duma Rocha, preciosa ou não
elas estão no céu ou no chão.
Pedra Lascada, Pedra Filosofal, Pedra de Toque, Pedra Polida
Pedros, Pedregulhos e Pedritas.
São Pedras Rolantes que ainda fazem músicas.
Pedras que constroem orgulhos e dentro os abrigam.
Um dia só elas existirão girando no espaço e continuarão
seu lindo balé, onde a coreografia seguirá sem aplausos.







Essa inaudível voz que da sua boca me puxa
declama palavras que me afastam com um certo receio.
Hoje
Onde promessas não fazem sentido.
Onde o olhar não precisa de luz.
Aqui perto, junto, onde seu corpo passou e não descansou.
Alma com alma negociando o êxtase.
Doce escondido.
E esses dias que adiamos
encolhidos em seus domínios.
Eu represento o verbo do dia, o sujeito oculto,
a poesia que veio te resgatar.
No nada desse tempo , temos tudo.









Vamos caravanas!

Suas caras sem a luz das hosanas
caminha meu tempo livre para dor
recolhe meu sangue petrificado no amor
Vamos caravanas!
o deserto é longo mas temos a música
a flauta que soa suada é sua
corpos cansados confundem-nos sentimentos
revelamos palavras de pouco sustento
Vamos caravanas!
o calor me arrepia febricitante no altar
no âmago meu estômago só à cantarolar
irei para o mar querida cri-ânsia
voarei no seu ar tragável esperança
Vamos caravanas!
pelos ramos indecisos como foi a donzela
pela terra sofrida que nunca te espera
deixem que belas esquentem
deixem em mãos deslizar suas mentes
Vamos caravanas!
guardarei alegrias em racionais elegias
e mesmo que que eu vá por outros caminhos
não sufoque meus pés por andarem sozinhos.








Tenho-te muito em minhas veias todas,
quero fluir e te deixar molhada
como paixão visguenta que saboreia os poros
e responde com cheiro na particular madrugada.
Que não seja delírio por uma lésbia
que transmute o espírito 
em minha carne
 na noite ela é tão leve,
mas no dia contêm alarme.
Em memória eu escrevo
para pedir à semente que ignore o passado
que brote nela aquele desejo
que outrora jogou-se ao meu lado.
E assim sendo continuarei a minha poesia
estarei fingindo se mostrar-te o cerne
agora sou apenas poeta
não escrevo futuros 
como escrevia Julio Verne.











A chegada da Ave Maria no paraíso


Em turnos desconhecidos
quais claras paisagens
embrulhadas com outras escuras.
Foi buscar sentido
entre coluros imaginários
fluorescentes de tal formosura.
Fez novaves amigos
oscilando aos ventos
abraços de boa ventura.
Desceu para verdes abrigos
encontra contente
a penas o que procura.
Libidos simulam libidos
em cantos solenes
mensagens noturnas.
Melodias que gorjeiam ouvidos.
A ave Maria agora impura
prolifera no mundo
seus filhos perdidos.










Nua Procura


Tempos passantes em realidade escura

carregam de improviso a nua procura.

Reclama à Fantasia

pede licença e se desfia, se desfia.

Ufano reflexo de meus olhos em dor

nas nebulosas noites de castigo,

saliva-me essa Fada Flor

nesse torpor desconhecido.

Lábios ansiosos mergulham aqui,

Lírios d Lírios em rios que Li.

Desafia o desejo sobrepôe-se ao orgulho,

invade sem medo o silêncio desse muro.

Escreve as águas de corpos vermelhos

sussurrando em êxtase perfumado,

o barco não é do Rimbaud

mas ainda esta embriagado.

Vulnerável ao excêntrico paladar

crédula à pérfida fumaça

o cinema enalteceu

a graça de toda desgraça.

Ò tempos passantes em realidade escura!

Tão Clara e nua, clara e nua.

Recôndido recheio que conduz fantasmas

por selvas de fútil tecnologia

entre feios aristocratas

estão os ossos do dia-dia.









Vontade

Partiremos em festa
rumo ao banquete celestial
não haverá mais discórdia
cultivada por pecúnia imoral.
Estenderás em longa seda
notas de um sonoro orgasmo,
suficiente após o trago
para juntos deleitarmos.
Revelaremos em cada toque
riquezas camufladas,
prazeres não condenados
por reles piadas.
Um calorífico ensejo
de sonial pertubação,
entregarás sem medo
à real propagação.
As sombras em doce enleio
dançarão à vela acesa,
roupas de impuro cheiro
jogaremos sobre a mesa.
Derramados na impressão carnal
com lascívia vigília
benzidos estaremos
ao raiar um novo dia.
E com pudor da aurora
reabriremos a intimidade
para que nesse secreto banquete
seja feita a vossa vontade.









Hotel BudaPrestes

Feche os olhos agora você está sozinha
Abra sua mente é com ela que você caminha
Você não precisa provar mais nada para ninguém
Você é muito mais que o dinheiro que você tem
Descanse sua cabeça e voe para longe
Sente a vibração o silêncio como fonte
Acordar todo dia quando a luz apagar
Estimular dia a dia a consciência salvar
Liberta, eternamente quando o seu corpo dorme
Saboreia esse presente é um sentimento enorme
Você vai tocar o céu
Vai tocar o chão
Vai tocar o seu coração
Relaxa a cabeça e descanse em meus versos
Crie o seu universo
A realidade é sua
Aqui não existem sinas
Só que a realidade fascina
Ela engana e ensina
A sua cidade é a sua projeção
Você é o centro, centro de atração
Você  vai tocar o céu
Vai tocar o chão
Vai tocar o seu coração
Eu vou sentir para poder me orientar
Enquanto eu existir eu também posso amar
Sou eu que defino o meu senso
 de gravidade na cidade
Apenas reflita com os olhos bem fechados
O mundo da voltas ao seu lado
Onde vamos seguir é no imaginário
Levar sua imaginação aonde for necessário.









Entrou pela janela.

Perdoe-me por achar que letras reunidas concretizam um sonho,
é que prefiro modular meus segredos dessa forma.
O correr de pensamentos incandescentes
 per se invadem o coração,
e esse, revela o ritmo.
Misturo meus prazeres com palavras roubadas,
 roubo sim, pois sinto fome quando escrevo.
A carniça provoca a poesia.
Sobrevoar em danças 
não é um privilégio, é perseverança.
O medo, as vezes aflige o teste
pois sei o valor do próximo trabalho embora ele já exista nebulosamente 
incitando-me nas madrugadas.
A fragrância de seu corpo 
flagra ânsia de minha alma.
Quando aberta, faz sentir-me 
vitalício em minhas idéias
é o olhar contemplando o golpe do outro olhar
posso estender meus versos até você
não minha mão,
na distância encontram-se os 
devaneios da solidão.
O tempo ta na relva, no peso do sapato,
descalça caminha sem o falso retrato
tal como as águas que descem o riacho,
as imagens caem, caem e evaporam,
chegam nas flores como fonte de inspiração.
Incrustado em sua dor seminal
faz-se o lavrador um poeta em harmonia.










Eis

Que ao chegar obsidiante 
no universo vegetativo
abrem-se os portões para ansiedade escura
e a voz balançando diz que 
a alma precisa descansar,
o coração flameja mas sem luz
não consegue pungir uma oração sequer.
Palavras vagam sem empregos, 
soltas na escuridão diária
da babilônia que cresce em fétidos valores.
Quero encontrar a juventude em meus passeios
mas os laboriosos sentidos estão desanimados.
Nos entregaram sete livros quando nascemos
 nasci no dia sete, no ponto final.
Por isso preciso criar, 
e não ser escravo de um sistema alheio.
Vós sois meus membros adormecida imaginação
a salvação está aqui até para o inferno
apocatástase eu vi eis um mundo que é eterno.
Senhores fascistas das guerras,
dos estados espirituais e capetais,
 quando achavam que estavam queimando
 obras se enganaram, 
queimaram sim alguns autores.
Hoje suas escritas são servidas
 no almoço e no jantar
 de um burguês qualquer.
Na moralidade do Homem burro e ganancioso,
encontram-se os talheres
que jamais cortarão as palavras.




NO CAOS OS ANJOS PREPARAM MEU VÔMITO.