quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Fresta da percepção

 


A dor transforma a prosa em poesia

São doses diárias de frases em harmonia

Você conhece suas fases no dia a dia?

Nem sempre se formam em alegria

Quando você deixa um rasgo se abrir

Uma luz consegue entrar

E através de uma fresta da percepção

Aparece um novo lugar para criar

Deito seus pés, deito seus cabelos

Deito seus olhos e sua boca

Deito tudo que precisa descansar

Pois quando a arte me aquece

Eu posso também com você me deitar.

Luz



 


Eu sou Luz

Luz que me acompanha

que me inspira

que eu trabalho,

iluminador iluminado

iluminando cenários.

Aprendo com o sol e a lua

reflexo, brilho e cor

o tempo movimenta a luz

no ar no mar no amar no amor.

Oh meu Deus!

nesse universo de rotações

iluminai o meu caminho

com a força das orações.

E com a luz do meu amor

eu iluminarei à todos que eu encontrar

seja na leveza das minhas palavras

seja no aconchego do meu olhar.

Vai passar!

Assim como a luz

que movimenta as sombras

e que nos aquece na incerteza

eu acredito nas mudanças

afinal somos a própria natureza.

Que se transforma a cada segundo

e se renova em silêncio no dia a dia

hoje eu estou num parto profundo

recebendo e dando luz a essa poesia.

Dores da alma


Gritos em silêncios

Vazios preenchidos

Invisíveis e intensos

Sentimentos incompreendidos

Vestimos disfarces a todo instante

Estampamos sorrisos de proteção

Temos um mar de ondas gigantes

Temos um solo em erosão

Fugir não é uma opção

Morar no medo é complicado

Agradeço aos que nos ensinam

A caminhar mesmo que machucados

Não quero escrever palavras fáceis

Esse poema sente muita dor

E se você não compreendeu

Leia o de novo, por favor.


(Poema feito para uma página de fibromialgia)

Amor


Ás vezes nosso amor não quer passear

Ás vezes ele quer passear duas vezes

O amor sente frio

O amor sente fome

O amor fica por vezes confuso

Quando chamamos seu nome

O amor tem cheiro

Da vontade de abraçar

O amor exala um odor diferente

Que só o amor pode nos dar

O amor late

O amor balança o rabinho

O amor sorri e chora

Mesmo que pequenininho

O amor muda de opinião

O amor é tão forte que faz coceira na saudade

O amor é atenção a tudo que precisa de liberdade.

O amor se transforma junto com a natureza do tempo

O amor é nossa companhia

É o nosso alento

O amor sente dor se o machucamos

O amor não vive só de alegria

O amor une as diferenças

O amor mostra a poesia

O amor ensina a ter paciência

Se você o tem no dia a dia.

Desafia até a ciência

De tão complexa a sua melodia.

E escrevendo aqui pensando no meu amor

Eu espero ele de novo chegar

Pois às vezes o coração de quem ama

Precisa só descansar.

No Olho



Da sua lágrima em meu olho eu te fiz poema.

Deitada sobre meu corpo, escrevi com as águas internas, tinta sagrada.

Somos feitos das águas do amor.

E muitas vezes testados na seca interior. 

Sem tempo para respirar no pesado vazio

que parece frágil e sufocante superando crises ancestrais.

Seguimos escutando um breve conforto nas batidas do peito alheio.

Dormindo no horizonte mágico de um encontro irrigado.

Entre silêncios e gritos nos fazemos um corpo n'alma .

Que momento lindo e intenso, cheio de dores capaz de criar versos em cores.

Ela me deu o que eu mais precisava, o seu líquido mais precioso, de olho para olho, 

feito um colírio poético, e eu pude sentir na hora os efeitos da criação.

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Coragem


 Coragem


É quando eu saio do corpo

Empurrada como semente no inconsciente

Com a ajuda do vento mergulho na terra

Sobrevivo ao meu nome e a minha pele imersa em lembranças

Deitada no interior do mundo em águas e silêncios

Entrelaçada aos fios da vida, raízes aéreas

Não abro aos sonhos os desejos

O amor da volta faz reviravolta e revolta

Faz me escutar cada grito que sobe das rachaduras do solo

Moro perto de abismos, aos quais escorrem meus medos

Forte e corajosa consigo aprender no silêncio

Concentrar em energia positiva

Redescobrir

Renascer

Reconstruir

Ajustar meus sentidos

Ajustar os sentidos

Não vergo à expansão do conhecimento

Sei das estações do ego

Quadra de encantos, do fecundo já maduro

Quando acordo no seu peito

Fico aliviada com a intimidade.